20100701

Indefinido

Se não souber o que fiz ontem
hoje vai ser um dia diferente
Dá uma chance à morte
de te deixar viver infinitamente.

Se amanhã me esquecer do hoje,
será um hoje diferente...
A morte visita-me frequentemente.

Morrer devagar não é ser diferente
é apressar o dia a dia
para se morrer inconsciente

O mundo tem vontade própia
o teu: rege-se de outra maneira
é uma ave que voa torta

Mas a ave são moléculas
E o teu mundo são peças...
que à vontade do vento
entorcem-te o vôo

Um oceano escurece-te o céu
Agride-te os sentidos
corroi-te a ilusão
de todos os anos perdidos

Não te assustes,
este oceano é tudo
e tu és o nada
é uma troca justa...

Vais ser só mais um,
de tudo,
Em troca de nada.

20091204

Não há concerto

A minha vida são
guitarradas estridentes,
dedilhadas inexperientes
aleatoriamente incoerentes.

Os meus sonhos são
melodias sorridentes...
do céu ao solo, gradientes.



20091129

Temporal de Lapsos

Um porto, um barco. Vermelho ou verde, o céu ou o mar.
Cada passo, um segundo secular
exageros cinematográficos
dissecam o momento
escrevem um argumento
alimentam o momento...
perpétuo,
que vicia o ciclo mais preguiçoso.

20091128

Esteatorreia

O aparelho digere a dúvida
ingere a curiosidade
emancipa-se da confusão
Indigesto, ontem e hoje.

20090628

Dispersar

As partículas que seguem a trajectória prevista pelo destino que as moldou, ao encontro do impacto que as separou.
Explosão, espirro, sangue...
O sapiens nómada que na sua insânia de confusão utilizou o polegar para dividir.
Fronteiras, religião, guerra...
Do nada, dispersa-se tudo. A luz que percorre o universo de estímulos, a mesma luz que alcança o mundo enubriado, pincelado a tons de preto.
Conhecimento, arte, ideias...

Um blog atrapalhado e subjectivo que sobrevoa a mística inerente à dispersão.